O anonimato é uma bênção. Tudo é menos arriscado. Seus erros não são tão erros, seus acertos são todos louváveis. Você é uma pessoa comum, como qualquer outra. Até mesmo como eu, este belo exemplar de homem.
Quando mostrei interesse no mundo competitivo estudei, estudei, estudei muito. Ainda tinha meu Play 3, cheio de jogos. Pedindo pra serem zerados. Larguei mão de todos eles pra estudar Street Fighter IV. Quantos jogos abri mão para deixar de ser um casual qualquer? Pra deixar de ser apenas “o melhor do prédio”, “o melhor do bairro”, “o melhor da região”?
Cheguei no meu primeiro torneio com uma confiança inabalável. Era o “Street Fighter 25th Anniversary – Brazil“. Sim, aquele mesmo de 2012, que o Breno ganhou.
Sem ter noção dos monstros que encontraria pela frente. Afinal, só existiam Gamerbee e Tokido ali.
Ganhei minha primeira luta, pra na segunda ser trazido à dura realidade enfrentando o Ludo. Ganhei outras lutas e acabei sendo eliminado pelo Marcelo “Taossomano”, jogador que tenho boa amizade desde então. Estudei muito, pra no final das contas, ser apresentado à minha insignificância.
À partir daí, passei a me envolver pela FGC BR. Querendo ser ouvido, ter minhas opiniões e habilidades reconhecidas. E como todo bom novato, cheguei chegando, cagando muita regra, pisando em calos, coisa que só fui reconhecer muito tempo depois. E hoje sei reconhecer os motivos.
Um triste costume do ser humano, particularmente do HUEBR, é a interpretação da palavra “HUMILDADE”. Lembro-me o quanto fui injusto ao expor de forma errônea o pessoal do CnB. Saka, House e até mesmo o ChuChu em menor escala. Chamei-os de arrogantes, metidos, paneleiros. E tudo isso baseado no que? Em porra nenhuma.
Eles eram jogadores experimentados. Lendas do cenário paulistano, numa equipe de muito prestígio. E isso me leva a outro ponto.
Estamos muito acostumados a associar sucesso com arrogância. Não é à toa. Isso nos é enfiado goela a baixo diariamente. Quando éramos pequenos, TODOS os moleques do Cobra Kai eram os vilões no Karate Kid. TODOS. ELES. Mesmo aqueles que não faziam parte da gang do Johnny. Durante a escola pensamos que a gatinha que é popular automaticamente é metida e que o moleque boleiro é mala e arrogante, simplesmente porque sim. Os empresários de sucesso hoje em dia? HA! Todos exploradores, canalhas, fascistas. Com certeza fizeram algo dúbio para chegarem aonde chegaram. Não temos empatia com nenhum destes, porque afinal de contas, pessoas de sucesso chegaram lá sem suor, lágrimas e ranger de dentes, não é mesmo? Gostamos também de pessoas sem falha de caráter, o que me leva a mais um ponto.
Por que raios AINDA esperamos tanta virtude moral daqueles que se destacam? Antes de encherem a mão de pedras, façamos aquele giro interno.
Quando perdemos uma partida nosso primeiro pensamento é:
A) “O cara foi sortudo / LAG da porra / Esse boneco #@!&*”
B) “Oh, não! A tática deste jogador foi assaz brilhante. Ele é melhor do que eu”. Numa atitude digna de Dalai Lama.
Aprendam uma coisa. Celebridades, pessoas de prestígio, até mesmo heróis dos quadrinhos possuem defeitos. Como eu e você.
E daí que fulano falou que ciclano é cagado? Só por isso você vai condenar toda a trajetória dele? Toda conquista? O progresso mesmo dentro das limitações do cenário BR de Street Fighter?
Toda essa crítica e preconceito são quase em toda sua totalidade dos jogadores casuais. Não que o input deles seja menos válido do que qualquer outro, mas ele pode ser contestado por aqueles que estão por dentro do cenário competitivo. Por aqueles que conhecem os jogadores, por aqueles que sabem o que se passa pela cabeça durante uma luta em torneio. Por aqueles que sabem da responsabilidade dos nossos Pro Players hoje em dia em preencher o vácuo deixado pelo Breno e pelo Keoma ao longo dos anos.
Termino meu texto com uma sugestão. O tempo que vocês investiram fazendo compilação da derrota do Brolynho, vocês poderiam ter investido em tutoriais, em treinos, em discussões ou até mesmo, sei lá, uma ideia meio doida do tipo… VOCÊS IREM EM TORNEIOS.
Beijos mil,
kidmagiA