Fliperama do Conic – DF
Olá, meus consagrados, aqui é o Bill e vamos falar sobre um assunto controverso. Jogos de luta morreram em 2002? Esse título, como bem viram, é da famosa frase “kof morreu em 2002”. Mas será mesmo?
Então, quem viveu os anos 90, viu nascer e ascender os fliperamas. Mais exatamente a primeira metade dos anos 90, tudo era novidade, afinal, grandes franquias estavam nascendo: King of Fighters, Street Fighter, Fatal Fury, Art of Fighting, Samurai Shodown, e assim por diante. Muitos jogos foram nessa onda e copiaram séries que abriram portas (como o suposto e famoso caso de Fighters History – que acho muito bom – copiando Street Fighter).
Prosseguindo, videogame não era algo tão acessível como hoje, não havia jogatina online, assim, a melhor forma de jogar e socializar eram os fliperamas e locadoras. Era tudo o que havia para entretenimento voltado a games. Até o mais rycos que tinham vídeo game em casa gostavam de ir ao fliperama por causa do clima que esses lugares possuíam.
Quem viveu, eu me incluo nessa, sendo hoje um senhor de idade, sabe como é receber uma novidade. Vimos diversas transformações de franquias, umas para o bem e outras para nem tanto. Entretanto, veio a crise dos fliperamas. No Brasil, o motivo de os fliperamas existirem foi o fato de que videogame era caro, quando ficou mais acessível, o número de frequentadores de fliperama passou a diminuir.
Havia um fliperama famoso na minha região que, em determinada zona comercial, ele alugava, em seu auge, seis lojas dessa zona. No final dos anos 90 e início dos 2000, ele foi reduzindo, reduzindo até ficar com uma loja apenas. Ainda que o preço da ficha não tenha se alterado muito nesse espaço de tempo (foi um eterno R$ 0,25 na maioria dos lugares), os jogadores preferiam gastar seu dinheiro em jogos de consoles.
Tudo isso teve um impacto para as empresas. A Neo Geo que vivia de arcade praticamente, não tinha mais receita como antes. Ainda que fizesse bons jogos, eram mais escassos e o retorno não era suficiente. Em processos de falência, venda e tudo mais, conseguiu entregar uma matéria prima: The King of Fighters 2002. Esse jogo, na época, meio que deu uma guinada nos fliperamas, afinal, 2001 não foi um jogo tão agradável assim. O jogo soou como uma despedida das brigas de bar naquela época.
Nesse meio tempo, havia outras franquias sendo feitas, uma que gosto muito, Guilty Gear – 1998. Mas, além de ser no ano de lançamento de duas franquias de peso (Street Fighter Alpha 3 e King of Fighters 98) ficou abafado por outros jogos que não eram de luta que faziam muito sucesso nos consoles 32-bits da época.
Todo esse contexto para dizer que o clima de fliperama foi perdendo força por fatores externos e, aos poucos, as pessoas foram deixando para lá aquele embate pessoal, cara a cara. Havia mais jogos, outras novidades e os jogos de luta foram ficando para trás. E por causa disso, casas de fliperama não queriam se arriscar a comprar placas caras de jogos novos, sendo que as pessoas não frequentavam fliperamas como antigamente. Assim, ao menos no Brasil, jogos de fliperama ficaram a cargo de bar com aquelas máquinas multijogos.
Podemos acrescentar que dois jogos de franquias famosas também ajudaram a manter o estigma de que os jogos de luta morreram em 2002: Street Fighter 3 e King of Fighters 2003. Com as duas maiores franquias tendo continuações que não faziam jus a seu padrão, não é de estranhar que outras séries ou jogos não tivessem a oportunidade de brilhar, afinal, se os melhores estavam ruins, imagine quem ainda não tinha apelo do público?
Outros jogos foram lançados, mas devido à falta de popularidade de fliperama, não alcançaram o público merecido como Hokuto no Ken, Rumble Fish, Last Blade, King of Fighters XI. E dessa forma, jogos que vieram depois de 2002 foram estigmatizados. Não digo que todos que vieram depois foram bons, mas tivemos boas pérolas que não viram a luz do sol.
Mas e hoje? Desde 2008, com o lançamento de Street Fighter IV, os jogos de luta ressuscitaram. Graças ao sucesso do jogo, outros jogos puderam aparecer e/ou ressuscitar. Incluindo a série versus com o Marvel vs Capcom 3, King of Fighters XIII e outras franquias que nasceram depois. Há muitos jogos bons, outros nem tanto, mas, os torneios ficaram maiores, mais populares. Vimo nascer novos jogadores prodígios e, graças à internet, podemos acompanhar melhor todo o cenário.
Da mesma forma que nos anos 90 vimos surgir nova franquias, hoje, vemos a ressurreição das nossas queridas séries e nascimento de outras. Há muito jogo bom por aí, por que não aproveitar aquela promoção de Black Friday ou Steam Summer Sale e tentar um jogo novo? Veja reviews, análises, o mais importante, não desencoraje quem for experimentar um jogo diferente. Ainda que tenhamos problemas como o “fator Brasil” para compra de jogos, sem dúvida, o acesso está mais fácil do que antes.
Resumindo, dê aquela chance a um jogo novo. Escute outras pessoas, recomendações. Tenha paciência em aprender, afinal, vai ser novidade para você. Talvez você não comece sendo o rei dos lobbys batendo em todo mundo, porém, pode se divertir enfrentando pessoas que estão aprendendo os jogos junto com você. Não precisa aceitar tudo quanto é jogo, apenas seja mais flexível e jamais esqueça o principal: diversão.
