Um grande aspecto dos Jogos de Luta competitivos que muitas vezes não recebe tanta atenção quanto deveria é a movimentação. O público geral, quando pensa em um jogo do gênero, geralmente se atenta para os golpes especiais e supers, aos combos e ao carisma dos personagens, mas uma boa movimentação pode separar um jogo de luta sólido que sobrevive por anos, e um jogo que simplesmente deseja “se meter no meio” do gênero. E é esse aspecto que a equipe da desenvolvedora Taktyl Studios e da publisher Ratti Entertainment desejam abordar com seu título: Black Salt Coreuption.
A meta da equipe de desenvolvimento é bem direta: um jogo de luta que o jogador possua liberdade de movimentação no plano 3D, mas que mantenha os princípios sólidos de jogos mais tradicionais do gênero. A equipe o descreve como um Arena Fighter, subgênero que atualmente é dominado por títulos licenciados de anime, como My Hero: One’s Justice, Kill la Kill IF e Jump Force, mas que trouxe no passado jogos originais como Power Stone, da Capcom. Unindo tanto a premissa da movimentação livre, e da jogabilidade sólida, os criadores buscam criar uma espécie de híbrido entre jogos como Tekken/Soul Calibur/Bloody Roar e jogos como Naruto/Dragon Ball/One Piece.
A jogabilidade do jogo atualmente está relativamente simples. Dois botões para golpes, um botão para arremessos (agarrões), um botão para corrida/esquiva, um botão de pulo, um para defesa e mais um botão para o Super Ataque. O direcional permite liberdade de movimento pelas arenas, todas em formato quadrado de igual dimensão, com os dois personagens sempre focados um no outro. A câmera percorre a arena de uma forma dinâmica que me fez lembrar Saint Seiya: Alma dos Soldados, ou seja, por vezes seu personagem estará próximo da tela, ou no outro extremo, podendo ser parcialmente obscurecido pelo oponente, o que pode ser um ponto negativo para alguns jogadores, mas que está dentro da proposta da equipe de desenvolvimento.
A premissa do jogo segue a franquia “Black Salt”, que se iniciou como uma história em quadrinhos idealizada por Owen Ratliff, que conseguiu através da plataforma de financiamento coletivo Indiegogo produzir um curta-metragem de 30 minutos, ambos com roteiro que precede Coreuption. A história segue o Agente Samuel Tharpe, um americano que cresceu em Dengfeng, China, e foi treinado por Monges Shaolin, e que agora busca impedir que um grande mestre das artes marciais terrorista libere uma poderosa arma no planeta, com potencial catastrófico. A franquia já foi licenciada por canais americanos como HBO, e conta com o envolvimento de personalidades como Austin St. John, O Ranger Vermelho de Power Ranger: Mighty Morphin.
O jogo ainda se encontra em desenvolvimento, e por isso ainda está um pouco “cru” em questão de conteúdo e mecânicas. Os gráficos apresentam qualidade, e a trilha sonora é bem promissora, mas a interface poderia ser melhor trabalhada, e o menu de opções se beneficiaria com opções como o remapeamento de botões. O elenco contém 8 personagens no momento, mais do que vários jogos nos apresentaram neste estado de desenvolvimento, mas embora com designs interessantes, não oferecem muita variedade em questão de jogabilidade e talvez este seja o principal ponto a melhorar até o lançamento.
A baixa variedade de opções que cada personagem possui faz com que o jogo pareça, muitas vezes, mais um button masher, onde os jogadores apenas buscam uma abertura para pressionar os botões de ataque até que o oponente caia no chão. Ao remover o aspecto mais espalhafatoso dos jogos de arena baseados em animes, mas manter o reduzido número de botões de ataque, o jogo se encontra em um estágio que não oferece a diversão de um Naruto, tampouco a densidade de Tekken. O potencial para um jogo nesse estilo é perceptível, mas a jogabilidade ganharia muito se fossem adicionados três ou quatro botões diferentes de ataque, além de opções de golpes para longa distância, diferentes possibilidades de arremesso, o que daria a chance dos jogadores utilizarem de sua criatividade para enganar e envolver o oponente.
Black Salt Coreuption busca seguir um caminho pouco explorado atualmente pelas empresas, o que é uma atitude louvável, mas este é um momento dentro do desenvolvimento do jogo que adicionar mecânicas já consolidadas no gênero, ainda sim aproveitando a premissa única original dos desenvolvedores, pode destacar este jogo em um gênero que tem sofrido um novo boom na última década, com a perda da força das grandes desenvolvedoras tradicionais, e cada vez mais apostas independentes que lutam pela atenção dos fãs. Os desenvolvedores prometem lançar o jogo para Nintendo Switch, XBox e Playstation, além da versão Steam que já encontra-se com acesso antecipado.
O jogo foi gentilmente cedido pelo desenvolvedor para esta análise.